quarta-feira, 19 de junho de 2013

Confissões de uma bêbada

Vi ele entrando na festa e não consegui disfarçar meu desapontamento por ter que dividir o mesmo lugar com aquele destruidor de corações e esperanças. Fingiria que não o conhecia e ficaria o mais distante possível, fugindo de toda a parte social do "oi, tudo bem".
Não deu certo. Ou melhor, deu muito certo. Já tinha tomado algumas para conseguir colocar algumas coisas para fora que não sairiam se eu estivesse completamente sóbria.
- E aí, como vai? Faz tempo que a gente não se fala, né?
- É. Sabe por quê?
E ele, aquele crápula, me olhava como se não soubesse realmente porque tínhamos parado de conversar.
- Não, não sei.
- Bom, eu te explico. Porque você não se importou nenhum pouco com meus sentimentos ou com a amizade que construímos. Eu sei que eu ultrapassei os limites quando falei o que estava sentindo, mas você não precisava ter me iludido daquele jeito. Se fez de gentil e maduro, dizendo que estava aberto para uma conversa franca, mas tudo era mentira, não era? Era uma forma de me deixar numa distância confortável e não tocar no assunto foi uma estratégia para que eu esquecesse. Só que eu não esqueci. Eu nunca vou esquecer. E a única coisa que você conseguiu com isso foi destruir tudo o que tínhamos. Um não teria doído bem menos do que esse silêncio, do que essa conversa falsa que travamos. Um não me teria feito esquecer.
Saí como uma pena, flutuando.
Fui ao banheiro e vomitei tudo o que tinha bebido e comido naquela noite.

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