— Filho, acorda! Já são seis e meia da manhã. Anda!
— Mãe…
— O que foi? Por que não acordou ainda? Vou ter que ir aí te tirar da cama?
— Deixa eu faltar? Por favor…
— Ué, faltar por que? Não está doente, nem com braço ou perna quebrada. Não vejo motivos.
— E precisa estar doente ou com a perna quebrada pra ter preguiça?
— Preguiça? Então você quer faltar por preguiça? Espero que não seja isso o que eu ouvi.
— É sim. Preguiça de encarar a realidade, de encarar as pessoas, de ter
que sorrir em meio a uma multidão que mal sabe o que se passa dentro de
ti. E precisa estar doente por fora pra se sentir a pessoa mais cansada
do mundo por dentro? É preguiça sim, de ter que aturar dezenas de
pessoas fingindo que se importam, e outras fingindo que você não está
ali. É preguiça sim, mãe… De encarar essa vida vazia, que só me faz
cansar e voltar pra casa com a ideia de que nada valeu a pena, de que
tudo foi igual, e de que se eu soubesse que tudo se repetiria de novo,
eu teria gravado um DVD e passado o dia assistindo.
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